O texto abaixo leva o leitor a refeltir a cerca da importância dos exemplos dos pais na formação do caráter das crianças. Sabemos que o tempo que a criança passa na escola também é repleto de exemplos bons e ruíns.
Onde uma criança aprende a falar a verdade? Dentro de casa. Onde ela aprende a mentir? Dentro de casa. Muitas vezes, o pai fala: " Só fale a verdade, não minta. Papai do céu não gosta, a professora não gosta, mamãe e papai não gostam, então não faça uma coisa dessas". E, minutos depois, toca o telefone ele diz: " Se for fulano, diz que eu não estou. Se for tal pessoa, diz que eu estou no chuveiro". Filhos prestam atenção nessas coisas. Como é que os pais se explicam, depois?
Crianças com 4,5 anos, às vezes chegam e falam assim: " Mãe, quero dormir na sua cama com você e papai". A mãe diz: " Não, você não pode". Nem adianta o pequeno dizer que tem medo de dormir sozinho, porque a mãe vai insistir em negar. O filho pede para, pelo menos, dormir com a luz acesa. A mãe não deixa dizendo: " Não, você vai ficar com a luz apagada e pronto!" A criança que quiser entender ainda vai acabar ouvindo o infalível "porque sim". E lá vai esse pequeno, aos 5 anos, dormir sozinho com a luz apagada, tentando entender, na cabecinha dele, porque ele, "desse tamanhinho", dorme sozinho, e os pais, que são grandes, dormem juntos. Isso quando o filho não vê a luz acesa no quarto dos pais. Como ele vai entender isso? Não vai entender, vai ter de aceitar.
Quantas vezes, no sábado, o pai está fazendo churrasco, comendo uma linguiça frita, tomando cerveja, enchendo a boca de farofa e a criança fala assim: " Pai, posso tomar um refrigerante?" O pai responde: " Não, porque você vai perder o apetite". E ainda fala isso mastigando ou bebendo. E quando algum adulto, em plena quarta-feira, está tomando uma bebida alcoólica e a criança pede para tomar um refrigerante e ninguém deixa " bebida aqui em casa só no fim de semana".
Ao ser interpretado, o pior é que tem pai que fala que está bebendo porque precisa relaxar. Cuidado. Ao dizer isso aos filhos pequenos, começa-se a estabelecer uma relação entre bebida e remédio. Bebida não é remédio. Não se pode estabelecer esse vínculo. "Eu estou cansado, estou estressado, então eu bebo". Muito pelo contrário: bebida alcoólica, para quem aprecia, tem que estar vinculada à alegria, ao prazer.
Um critério básico, inclusive para se ensinar aos filhos, é que, se eles forem beber um dia, o façam somente em momentos de alegria. Nunca beba quando você estiver triste, porque não é essa a finalidade da bebida. Quando se está triste, é prciso procurar um amigo ou remédio. Agora alegria se partilha e a bebida social tem essa finalidade.
" Estou estressado, vou tomar um uísque". O que os filhos vão aprender com isso? Que quando estiverem estressados, chateados, ou quando tiverem uma prova no dia seguinte, eles podem beber. Ou, então, quando eles estiverem cansados, irão ao armário onde os pais guardam as bebidas - e a sequência é muitas vezes previsível.
Educação, na escola ou em casa, exige extrema atenção aos exemplos, especialmente aos distraidamente ruíns.
Mário Sérgio Cortella
Líliam, muito interessante o seu texto, reforça muito bem o tema proposto. A criança repete exatamente as nossas ações, mas que exemplo nos damos a nossos filhos? Será que eles podem seguir nossos exemplos? Pelo que vc expôs, NÃO!!!! É aquele velho ditado: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Será que facilitamos aos professores o complemento à educação dos nossos filhos, ou será que queremos transferir pra eles a responsabilidade que é nossa, a de passar valores e nem isso fazemos?Está na hora de repensarmos nossas ações...
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